Um levantamento realizado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (Fundect) apontou que no Estado, 58,3% de todos os pesquisadores cadastrados na Plataforma SigFundect são mulheres.
O SigFundect é a plataforma utilizada pela Fundação de Pesquisa do Estado para cadastrar todos os pesquisadores que tem ou já tiverem projetos vinculados à instituição.
São mais de 13 mil mulheres cadastradas desempenhando as mais diversas funções em um grupo de pesquisa, de coordenadoras a iniciação científica.
Dentre os inúmeros projetos chefiados por mulheres pesquisadoras em Mato Grosso do Sul, alguns tem ganhado visibilidade nos últimos meses, como é o caso do Detergente que quando em contato com a água elimina as larvas do mosquito da Dengue.
Este projeto é coordenado pela Profª Drª Alexeia Barufatti, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). O detergente feito do óleo da casca da castanha do caju, após testes de efeito larvicida, comprovou sua eficácia no combate às larvas do mosquito.
Também foram realizados testes de efeito ambiental onde verificou-se que o produto ao chegar aos rios e córregos apresenta pouca ou nenhuma toxicidade em organismos não alvos tais como algas, peixes e crustáceos.
De acordo com Alexeia, os próximos passos do projeto são testes de segurança para a saúde humana e posteriormente, depois de comprovada a total eficácia do produto, fazer com que as empresas que produzem detergentes “comprem a ideia” e passem a utilizar este composto em seus produtos.
Sobre o protagonismo feminino na pesquisa, Alexeia destaca: “É muito importante a luta das mulheres para que possam fazer a sociedade avançar com descobertas e inovações nas diversas áreas de conhecimento seja na matemática, física, química, biologia ou demais áreas”.
Outro grupo de pesquisa coordenado por uma mulher tem feito estudos pioneiros acerca das atividades anticancerígenas de um fruto abundante no cerrado e Pantanal. É o caso da pesquisa encabeçada pela Nutricionista e doutora em Ciências da Cirurgia, Elisvânia Freitas dos Santos, que vem analisando o Tucum - um fruto de casca e polpa roxa com uma semente esbranquiçada - a casca e a polpa deste fruto possuem grande quantidade de compostos bioativos que podem ser de grande ajuda no combate e até mesmo no tratamento de doenças como o câncer, a diabetes e as cardiovasculares.
Até o momento não existe nenhuma pesquisa sobre as atividades farmacológicas deste produto, e isso foi justamente o que chamou a atenção do grupo de pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição (FACFAN) da UFMS.
De acordo com a Drª Elisvânia, alguns resultados preliminares do estudo já comprovaram que o produto não é tóxico. “Comprovando a não toxicidade do Tucum, o próximo passo é analisar se os compostos deste fruto, introduzidos na alimentação, podem ser benéficos no combate ou até mesmo no tratamento de doenças graves como o câncer”, avalia a coordenadora do projeto.
Elisvânia fala orgulhosa do grupo de pesquisa que conta com 15 pesquisadoras. “Me sinto feliz, realizada e motivada a inspirar outras mulheres”.
Texto: Diogo Rondon com informações de Mireli Obando (Subcom)
Arte: Adriano Boeno
Fotos: Arquivo Fundect
Publicado por: Jackline Fermau