Com investimento de R$ 80 mil da Fundect, o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), integrante da Rede Ebserh, concluiu a entrega dos equipamentos que permitirão o início das atividades do projeto de telessaúde nas aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados (MS).
A iniciativa, desenvolvida pela Unidade de E-Saúde e pelo Núcleo de Saúde Indígena do hospital, tem como objetivo ampliar o acesso das comunidades indígenas a atendimentos especializados sem a necessidade de deslocamento até a zona urbana. Com o uso de tecnologias de conectividade e videoconferência, o projeto busca garantir um cuidado mais humanizado e contínuo, respeitando as especificidades culturais e linguísticas das populações indígenas que vivem na Reserva Indígena de Dourados, uma das maiores reservas urbanas do país.
Os recursos concedidos pela Fundect foram aplicados na aquisição de equipamentos de informática e comunicação, entre eles computadores de alto desempenho, monitores, webcams 2K e headsets profissionais, que já foram instalados em duas Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) das aldeias Jaguapiru e Bororó. Além disso, o fomento também contemplou a ampliação da equipe responsável pelo projeto, garantindo suporte técnico e operacional à nova estrutura.



De acordo com o gerente de Ensino e Pesquisa do HU-UFGD/Ebserh, o médico psiquiatra Thiago Pauluzi, o modelo de funcionamento integra os profissionais que atuam nas aldeias às equipes médicas do hospital.
O projeto da implantação da telessaúde vai funcionar da seguinte maneira: nós mapeamos as especialidades que a comunidade indígena mais precisa. De um lado, teremos o médico dentro do território indígena, que trabalha aqui dentro da comunidade, e eles vão atender os pacientes. Vão surgir algumas dúvidas em determinadas especialidades, como a cardiologia, a psiquiatria e a endocrinologia. Essas dúvidas poderão ser sanadas de duas maneiras: ou através de telematriciamento, quando eles atendem o paciente e discutem conosco, dentro do Hospital Universitário, os casos; ou pela teleinterconsulta, onde o paciente pode estar junto com a médica aqui e eu, por exemplo, lá dentro do Hospital Universitário, acompanhando o atendimento — no caso, psiquiátrico — auxiliando no diagnóstico e também na questão terapêutica e de devidos encaminhamentos”, explicou.
Pauluzi destacou ainda o caráter formativo da proposta. “Além da questão de assistência, a gente faz também a parte de ensino, matriciando os profissionais e desenvolvendo habilidades e competências para que possam conduzir os casos mais frequentes”, completou.
A médica da UBSI da aldeia Bororó, Lutiana Lobo Benites Villamaior, reforçou o impacto que o projeto deve ter na rotina dos atendimentos. “Nós fazemos o atendimento de indígenas que vivem em extrema miséria e têm uma dificuldade muito grande de irem até a cidade. Essa distância territorial acaba interferindo no atendimento do paciente quando ele busca um atendimento especializado. Tendo a telemedicina aqui no território, vai diminuir essa distância. O paciente vai ter a facilidade de estar na aldeia e poder ser atendido por um especialista. Vai diminuir fila, diminuir tempo de espera e nós vamos conseguir resolver mais os problemas de saúde da população”, afirmou.
As lideranças indígenas também celebraram a conquista. Para Alex Rodrigues Cavalheiro, da aldeia Bororó, o projeto representa um avanço importante. “Estamos aqui nesta manhã para trazer uma grande novidade para a comunidade da aldeia Bororó e para a aldeia Jaguapiru também. Estamos aqui na implantação do telessaúde. Os equipamentos estão sendo instalados na aldeia Jaguapiru e também na UBSI da aldeia Bororó. Estamos aqui para agradecer essas parcerias do HU-UFGD juntamente com o Dsei, com o Polo Base de Dourados, com as equipes multidisciplinares e também com a liderança. Estamos muito felizes por essa conquista, por este avanço que estamos tendo na saúde indígena”, declarou.
Para o representante do Polo Base da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Adalberto Araújo Corrêa, a iniciativa representa um ganho coletivo. “Quero agradecer pela confiança do HU-UFGD na saúde indígena, investindo na telessaúde, que vem trazer benefício para a comunidade indígena e também para os nossos profissionais, que vão estar operando esse sistema”, afirmou.
Segundo Thiago Pauluzi, a próxima fase do projeto será voltada à capacitação das equipes. “A primeira fase foi a entrega dos equipamentos. Uma nova fase posterior vai ser a capacitação. Nós vamos treinar os profissionais a se familiarizarem com os recursos de telemedicina, as técnicas aplicadas de matriciamento e de interconsulta. Depois, vamos oferecer os alinhamentos com as especialidades. A ideia é que, nos próximos meses, a gente esteja atuando de maneira mais efetiva, fazendo esse vínculo e capacitando as equipes, não só médicas, mas multiprofissionais também”, explicou.
Sobre a Rede Ebserh
O Hospital Universitário da UFGD integra a Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde setembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh é responsável pela administração de 45 hospitais universitários federais em todo o país, fortalecendo o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e apoiando a formação de profissionais, a pesquisa científica e a inovação em saúde.
*Com informações e imagens da assessoria de comunicação HU-UFGD.