Três pesquisadores sul-mato-grossenses embarcam para a Itália nos próximos dias para participar de um programa de mobilidade científica de brasileiros em universidades italianas. Eles tiveram suas propostas aprovadas na Chamada Fundect/CONFAP 32/2023 – MCI/2023 – Mobilidade CONFAP-ITÁLIA, e receberão bolsas de doutorado sanduíche.
Duas das propostas foram submetidas pelos doutorandos em Ciências Materiais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Camila de Carvalho Calvani e Miller de Oliveira Lacerda, e a terceira pela doutoranda em Ciências de Saúde pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Patriciah Dal Moro.
Ao todo, 60 propostas de pesquisadores brasileiros de diversas áreas do conhecimento foram aprovadas, com o apoio do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e de 17 Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs). Essas propostas envolvem 15 universidades italianas de destaque, incluindo a Universidade de Bolonha, Universidade de Pisa, Politécnico de Milão, e a Universidade de Trieste.
Os pesquisadores souberam aproveitar a oportunidade oferecida pela Fundect, em parceria com o Confap e as Universidades italianas.
“Estes intercâmbios internacionais trazem resultados excepcionais para Mato Grosso do Sul, como a melhoria na qualidade da pesquisa, fortalecimento da rede acadêmica e, sobretudo, uma vivência da diversidade cultural acadêmica para o estudante. Quando doutorando também participei de um programa de estágio no exterior (Universidade de Wageningen na Holanda) e foi uma experiência transformadora”, ressalta o diretor-presidente da Fundect, Márcio de Araújo Pereira.
Intercâmbio Científico
Os doutorandos da UFMS são orientados pelo professor do Instituto de Física e do Sisfóton-UFMS, Cícero Cena, e devem realizar pesquisas na Universidade de Trieste, sob a supervisão do professor Alois Bonifácio.
O estudo que Camila de Carvalho Calvani dará continuidade na Itália visa desenvolver um protocolo rápido e preciso para identificação de patógenos (espécies de bactérias), utilizando técnicas de espectroscopia óptica molecular e inteligência artificial, com o intuito de promover tratamentos mais eficazes, garantir o controle de qualidade e segurança de produtos alimentícios, prevenir a propagação de infecções e detectar cepas resistentes a antibióticos.
“Vou conhecer e trabalhar com pesquisadores de outros países e ver como se faz ciência fora do nosso país. O intercâmbio vai me ajudar a conhecer mais da área que estou trabalhando no Doutorado porque meu orientador na Itália é especialista na técnica de espectroscopia Raman, uma técnica diferente que irá agregar com a que usamos aqui, que é a Espectroscopia por Transformada de Fourier (FTIR). Eu conhecendo e aprendendo a trabalhar com ela vou poder ampliar de forma técnica nossas análises e trazer um resultado mais aprimorado para nosso trabalho. E, claro, repassar esse conhecimento para nosso grupo de pesquisa será muito importante”, conta Camila.
Miller de Oliveira Lacerda explica que o trabalho a ser desenvolvido na Itália, de diferenciação de leishmaniose e erliquiose utilizando espectroscopia no infravermelho e aprendizado de máquina, poderá se beneficiar muito com a troca de experiência devido aos equipamentos e as linguagens de programação que o grupo italiano desenvolve.
“Tenho altas expectativas para o intercâmbio, já que vou ficar por lá por um ano. A troca de informações com outros estudantes e pesquisadores será muito enriquecedora, pois teremos acesso a outros tipos de equipamento que não temos aqui na universidade”.
A cirurgiã-dentista e doutoranda Patriciah Dal Moro parte para a Itália com o objetivo de aprofundar seu estudo sobre a relação entre a perda dentária e o declínio cognitivo, em associação com outras alterações de ordem metabólica e cardiovascular, orientado na UFGD pela professora, dra. Elisabete Castelon Konkiewitz. Ela desenvolverá sua pesquisa na Universidade de Pavia, sob a orientação do professor Leonardo Alexandre Peyré-Tartaruga.
“A Universidade de Pavia é uma das universidades mais antigas do mundo, e uma das melhores, no que tange a Saúde Pública. Por isso, parte do meu estudo epidemiológico descritivo usará dados secundários provenientes de bancos de dados nacionais italianos. Meus objetivos são aprimorar minha pesquisa, estreitar os laços entre os pesquisadores da Itália e do Brasil, em especial do Mato Grosso do Sul, e trazer contribuições de ordem científica, tecnológica, econômica e social para o nosso estado. Estou muito feliz pela oportunidade de ser a única representante de odontologia na chamada em nível nacional, a sensação é de reconhecimento e agradecimento”, destaca Dal Moro.
Novas oportunidades
Para quem ficou interessado nas oportunidades de intercâmbio científico, a Fundect está com três programas abertos.
BiodivTransform 2024-2025
A Parceria Europeia para a Biodiversidade (Biodiversa+) tem como objetivo apoiar a pesquisa e a inovação transnacional e colaborativa em “Biodiversidade e Mudança Transformativa”. A iniciativa contemplará projetos de pesquisa que unam disciplinas e setores para identificar, analisar e compreender processos de transformação que possam deter e reverter o declínio da biodiversidade. Confira o edital.
Water4ALL 2024
A chamada transnacional conjunta Water for Circular Economy 2024 conta com a adesão de 36 agências de financiamento da Europa e de países parceiros da União Europeia, incluindo o Brasil. Com orçamento global previsto de aproximadamente 36 milhões de euros, a chamada apoiará projetos colaborativos de pesquisa e inovação para melhorar a segurança hídrica a longo prazo.
As propostas de pesquisa e inovação submetidas à chamada devem abordar pelo menos um dos seguintes temas: melhoria da circularidade da água nas indústrias; circularidade da água urbana; recuperação e valorização de recursos; implicações econômicas, ambientais e sociais da reutilização da água e produtos recuperados. Confira o edital.
CONFAP – ERC IA 2024
A chamada tem por objetivo apoiar o intercâmbio de pesquisadores doutores baseados no Brasil, para integrarem equipes de pesquisadores na Europa, em projetos financiados pelo Conselho Europeu de Pesquisa (ERC). Confira o edital.
Texto: Maristela Cantadori, com colaboração Vanessa Amin ASCOM/UFMS
Fotos: Vanessa Amin (ASCOM/UFMS) e acervo pessoal pesquisadora.