Mato Grosso do Sul possui a terceira maior população indígena do Brasil, conforme o último censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2010. Dos 79 municípios do Estado, 30 abrigam mais de 80 mil indígenas pertencentes a oito etnias: Atikum, Guarani, Guató, Kadiwéu, Kaiowá, Kinikinau, Ofaié e Terena.
A Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul) investe recursos para auxiliar na preservação e reconhecimento das culturas originárias no Estado. Atualmente, 271 indígenas recebem bolsas de pesquisa. O número representa 30% dos 901 pesquisadores beneficiados.
Além disso, 13 projetos estão em andamento com apoio da Fundação, fomentando investigações e bases científicas para a preservação do conhecimento e dos valores das culturas.
Bolsista – “Resgatar e registrar a história e cultura terena é legitimar o espírito e a identidade de todo um povo”. Esse é o sentimento da Mestra em Língua Índígena, Daiane Ramires, ao elaborar o projeto de pesquisa “Ituke’ovo Têreno’e”: Narrativa Oral Indígena – Registro do Povo Terena de Cachoeirinha”. A pesquisa é financiada por meio do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do Estado de Mato Grosso do Sul (PICTEC MS/2022) e é uma das que recebem apoio da Fundect.
Em colaboração com a Escola Estadual Indígena Cacique Timóteo, localizada na Aldeia de Cachoeirinha do município de Miranda, a 215 quilômetros de Campo Grande, Daiane busca produzir documentação que apresente a sabedoria dos anciões e anciãs Terena da região, detentores de um rico conhecimento histórico, contada através da oralidade indígena e, em seguida, escrita pelas mãos desta nova geração.
“A importância do projeto na comunidade é inédita! Incentivamos o desejo pelo conhecimento aos estudantes indígenas de uma forma que seja próxima da realidade deles. Em 2021, a construção do projeto “Manutenção e Valorização da Língua Terena: Uma proposta de elaboração de material didático-pedagógico para o ensino da Escola Indígena de Cachoeirinha do município de Miranda” foi uma experiência e tanto para mim, quanto para os estudantes, servindo de base para a nossa pesquisa atual. Sabemos a urgência em buscar e documentar a cultura e identidade, principalmente o resgate da língua indígena no Estado”, destaca a pesquisadora.
Para Daiane, a bolsa concedida pela Fundação desempenha um papel crucial na assistência dos estudos que possuem o potencial de contribuir com as políticas públicas estaduais.
“A bolsa é o suporte para que eu possa levar o projeto adiante. A proposta é executada na escola local, mas espera-se que, futuramente, este produto seja o ponto de partida para que outras aldeias possam usufruí-lo como ferramenta de luta e sobrevivência cultural nas demais comunidades terenas do Estado. A concretização dessa proposta será um importante passo na validação da LDB 9394/96, que sustenta uma educação diferenciada e valoriza os saberes tradicionais das comunidades indígenas”, esclarece.
Texto: Larissa Adami (estagiária de Jornalismo) e Paulo Ricardo Gomes (Jornalista responsável)
Foto: Acervo pessoal
*Com informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos (Sead)